Fundamentos
O Risco Cambial é a incerteza de perda financeira causada pela variação na taxa de câmbio, ou seja, o risco do resultado financeiro de uma operação futura ser diferente do planejado porque o preço da moeda mudou.
Observa que apesar do risco cambial estar relacionado com a questão financeira da instituição, ele tem um impacto em todo planejamento estratégico das corporações.
Volatilidade
A principal fonte do risco cambial é a volatilidade, que é a medida da intensidade e da frequência com que o preço de um ativo (neste caso, a taxa de câmbio) sobe e desce em um determinado período - geralmente de forma rápida, brusca e significativa. Obviamente, quanto maior a volatilidade, maior o risco inerente ao ativo em questão.
As principais consequências de um cenário de alta volatilidade da taxa de câmbio são:
- Destrói a previsibilidade: Impede o planejamento corporativo para todas as operações que envolvem o contexto cambial.
- Aumenta o custo da proteção (hedge): Custos para usar instrumentos de hedge ficam mais caros.
- Afugenta investidores: Ambientes menos previsíveis podem levar a fuga de capital do país por investidores estrangeiros.
Relembrando, enquanto um dólar alto ou baixo tem seus ganhadores e perdedores, a alta volatilidade é prejudicial para a economia como um todo, pois ela cria um ambiente de incerteza que dificulta os negócios e os investimentos de longo prazo.
Exposição Cambial
A exposição cambial é a dimensão em que as finanças de uma empresa (e.g. fluxos de caixa) estão vulneráveis às variações da taxa de câmbio. Qualquer empresa (ou indivíduo) que tenha receita, despesas, investimentos em moeda estrangeira possui algum nível de exposição cambial.
Exposição vs Risco
É comum confundir exposição cambial com risco cambial, mas a diferença é muito simples. A exposição é o fato de ter ativos e valores em moeda estrangeira, enquanto o risco cambial é a possibilidade de perda financeira devido a essa exposição.
Estudo de caso
A "Cafés do Sul Ltda.", uma empresa brasileira, fecha um grande contrato para vender grãos de café para uma rede de cafeterias na Europa:
- Valor do Contrato: € 500.000 (quinhentos mil euros)
- Condição de Pagamento: O cliente europeu pagará a fatura em 60 dias.
- Cotação do Euro no dia do contrato: R$ 5,60
- Projeção de receita: Todo o seu planejamento de custos, despesas e margem de lucro foi baseado na projeção de receita de R$ 2.800.000 (500.000 x 5,60).
Observa que a partir da assinatura do contrato até o dia do recebimento do dinheiro, a exportadora está com uma exposição cambial de € 500.000 e seu principal risco é a queda do Euro.
Cenário A: O Risco se Concretiza (Euro Cai)
- Na data do pagamento, devido a fatores econômicos, o Euro cai para R$ 5,30.
- A empresa recebe os € 500.000 e, ao convertê-los para Reais, obtém R$ 2.650.000.
- Impacto Financeiro: A empresa teve uma perda de R$ 150.000 em relação à sua projeção inicial.
Cenário B: Um Ganho Inesperado (Euro Sobe)
- Na data do pagamento, o Euro sobe para R$ 5,80.
- Ao converter os € 500.000, a empresa recebe R$ 2.900.000.
- Impacto Financeiro: A empresa teve um ganho de R$ 100.000 em relação ao planejado.
Conclusão
Embora o cenário B parece ótimo para a empresa, ambos os cenários mostram o problema central relacionado ao risco cambial: a incerteza. É para eliminar a incerteza que as empresas recorrem aos derivativos para hedge cambial da próxima seção.